Um fevereiro inteiro de nordeste durante a pandemia do covid-19
A pandemia do covid-19 mudou a maneira como agimos, pensamos, trabalhamos e viajamos. Comigo não foi diferente! Tive que me adaptar para realizar uma viagem no mês de fevereiro, em pleno verão brasileiro!
Para tal viagem, esperei o momento certo e me programei pós Natal 2020 e Reveillon 2021.
Dia 04.02
Minha viagem começou no dia 04.02.2021, saindo de BH sentido Arraial d’Ajuda na Bahia. A BR-381 tem trechos bem feitos e duplicados e outros em completo relaxamento das autoridades! Um misto de, pode ir em segurança e cuidado você pode morrer!
Num trecho próximo a Ipatinga, uma manobra de caminhão a frente me fez desviar também de uma vaca, totalmente preta, o que é importante ressaltar pois estava a noite e tinha pouca visão apesar de não haver chuva. Passei por ela, parei num posto da polícia federal e avisei sobre a vaca e a possibilidade de acidente grave! Um animal desses acertado por carro ou caminhão pode de fato matar uma ou mais pessoas.
Decidi viajar de carro, como já disse, pandemia e na mala algumas regras básicas… Distanciamento, álcool em gel, máscara e 980 km até minha primeira parada.
Arraial d’Ajuda é um lugar maravilhoso e confortável. Dizem que foi criado pelos hippies e cuidado por ricos. Até no carrinho de cachorro quente aceitam cartão de crédito e débito.
Dessa vez fiquei na parta baixa da cidade, na estrada da balsa, numa pousada chamada Carambola.
Aqui fiz caminhadas matinal praticamente todos os dias. Está era minha pista de caminhada…
Imagine que num lugar exuberante você pode encontrar conforto e tranquilidade. Essa pousada é de primeira linha. Oferece quartos espaçosos muito conforto, Internet, frigobar, cama King e ar condicionado, é claro!
Na região de Arraial, visitei vários locais… Trancoso, Caraíva.
Mas o legal mesmo foi receber um amigo e sua companheira de Eunápolis.
Um casal agradável, novo e engraçado! Ficamos juntos por dois dias na mesma pousada. Nos divertimos, rimos e discutimos juntos assuntos da vida. Foi muito legal!
Dia 12.02
Sai de Arraial seguindo para o norte 4 dias depois. Meu próximo destino era Camamu. Iria passar os dias 12 a 17.02 na Ilha Grande de Camamu juntos com um amigo de anos.
A cidade de Camamu tem muitos problemas sociais além de limpeza e organização. A pousada que havia reservado não tinha estacionamento e meu carro estava cheio de tralhas. Decidi mudar para outro hotel e fiquei na parte mais alta da cidade.
Hotel simples com café da manhã, estacionamento, piscina e um quarto com esta vista!
Dois dias depois sai da cidade, em uma lancha rápida e segui para a ilha. Na casa de um novo amigo fui muito bem recebido! Uma gente simples que gosta de curtir a vida. Passamos o primeiro dia de Carnaval comendo Maniçoba. Um prato de aparência estranha mas muito saboroso!
Não fiquei na mesma casa que o pessoal, não havia espaço então me hospedei numa pousada muito charmosa chamada Manga Rosa. Coordenada por mãe e filha, numa simpatia mineira/baiana. Confortável simples e aconchegante. E meu quarto tinha essa vista…
Dia 16.02
Sai de Camamu e segui para Itacaré. Meu intuito é conhecer a cidade – similar a Arraial d’Ajuda – que é muito famosa pelas praias que possibilitam a prática de surf.
A cidade não decepciona! Tem uma estrutura muito legal de bares, restaurantes e serviços em geral como oficinas, petshops e outros.
Aqui existem algumas praias maravilhosas mas a calmaria aqui é coisa rara. Se eu quisesse tomar banho de mar tranquilo como em Camamu iria me decepcionar. Como disse a cidade é feita para surfistas. Muitas lojas de itens, escolas de surf (inclusive feitas por mulheres e para elas) pranchas roupas e utensílios para o esporte radical. Mas a água quentinha continua a mesma.
Fiz um levantamento e descobri que a pontos de surf para iniciantes como eu, e pontos de alta performance para atletas de elite, afinal, Itacaré recebe uma das etapas do mundial de surf.
Bom, no primeiro dia fiquei no hotel pois haviam coisas a serem resolvidas e estava no fim de um dia! No segundo dia fui a praia das conchas e fiquei numa barraca muito confortável com comida boa e uma cachaça de minas bem suave! Mas faltou a tequila de costume. Em frente a praia há um farol, para navegadores, porém, desativado! Bela praia com famílias espalhadas e algumas atividades como caiaque e stand up paddle. Fiquei por aqui, tomei uma cerveja e voltei ao hotel para descansar! Parece que a andança me cansou mesmo!
FOTOS DA CIDADE DE ITACARE
Depois da visita a cidade bem estruturada e charmosa fui visitar a primeira praia fora da cidade. Alguns quilômetros de carro, estacionei na lateral da BR e foi necessário andar por uma trilha de 1,5 km (um quilômetros e meio).
Está trilha é linda demais, arborizada e com uma cachoeira que acompanha toda a trilha até a praia.
Está bem preservada apesar de tanta gente indo e vindo além das motos que passam levando e trazendo pessoas e mantimentos para as barracas.
No meio da trilha uma bifurcação em “V” define pra qual praia eu queria ir e decidi entrar a esquerda para a praia da Engenhoca. Ainda na trilha vi uma grande obra em concreto parecendo uma entrada de caçamba de bondinho usada no passado, acredito!
Continuei andando e a visão da praia começa a ser possível!
Ao chegar, a cachoeira que acompanha toda a trilha separa a chegada da área onde os surfistas ficam com as ondas favoráveis a prática do surf.
Uma bandeira do corpo de bombeiros com os dizeres “Cuidado área de risco” da as boas vindas aos visitantes. Em todo momento tem um profissional acompanhando os surfistas para evitar acidentes ou mortes.
Na parte esquerda uma pequena falésia comporta algumas improvisações com sombreiro uma cadeira e uma câmera de vídeo ligada o tempo todo e acompanhada por uma pessoa. De fato o surf aqui é algo acompanhado de perto e registrado pelas lentes. (Não peguei fotos pois não queria incomodar as pessoas).
Dia 19.02
Fui a praia “queridinha” de Itacaré, Itacarezinho…
Que decepção, em quase tudo!
Para ir a praia existem duas opções, ou parava o carro na beira da BR – como a praia da Engenhoca – ou descia com o carro até à beira mar. Mas para isso, é cobrado a taxa de 100,00 (cem reais)… Acredite, cem reais por veículo!
Resolvi descer a pé, enfrentei uma descida gigante. A escolha foi minha mas eu acho absurdo cem reais por carro somente pra chegar a praia!
Lá chegando, encontrei barracas refinadas e medianas! Na de primeira linha o valor é de 350.00 por pessoa, revertido em consumo… pasme!!! 350,00 por pessoa! A lata de cerveja imperial custa 10,00. Rs!!!
Aluguei duas cadeiras e uma sombrinha de praia por 40,00. Nem mesmo ajudar a fixar a sobrinha na areia tem alguém!
Fiquei pouco, subi a serra monstro e voltei para a praia das conchas no centro de Itacaré. Em outras palavras, que praia bosta!
A única coisa boa, dentre tudo de ruim foi essa vista!
Bom, fim de dia, hoje vou procurar uma surf school para tentar ficar em pé sob uma prancha amanhã.
Dia 20.02
Acordei cedo como de costume, hoje é o dia de ter uma nova experiência que sempre quis, surfar!
De fato, acredito que não irei conseguir ficar de pé numa prancha, pra tal ação, requer dedicação treino e o ideal seria ter próximo de casa um item importante para fazer isso, tinha que ter o mar. Mas como não é possível, vou testar mais um limite e fazer o meu melhor.
Antes de começar a contar como foi a saga de viver esse novo desafio, vou voltar alguns dias para contar como tudo aconteceu.
No texto acima, cito a praia da Engenhoca, que foi minha primeira praia visitada em Itacaré, para ser exato, dia 18.
No retorno dessa praia, ao chegar no carro que tinha ficado na BR, fui abordado por um nativo que me perguntou se eu podia dar a ele uma carona. Confesso que fiquei meio em dúvida, como também citado no início deste post, estamos em plena pandemia. E uma das regras da OMS é o distanciamento entre pessoas, sendo assim, resistir em dar a carona solicitada. Mas, resolvi ajudar o cara. Seu nome é Cação, um professor de surf da cidade.
Perguntei a ele se tinha máscara, ele confirmou!
Então, eu disse que sim, ajudaria e daria carona!
Empurrei algumas coisas no banco de trás para que coubesse o garoto, abri todos os vidros e seguimos da Engenhoca para o centro de Itacaré.
Durante a viagem de pouco mais de 10 minutos, além do seu nome, descobri que ele é instrutor de surf. Pensei comigo: ” – Perfeito!”
Alguns minutos depois já tinha informações que ele atuava junto a uma menina chamada Jane que é a dona da loja “Meninas do Surf” (Surf School).
Perguntei a ele como fazer para ter uma aula. Depois de alguns minutos estava traçado a meta de ir a loja e fazer a aula no sábado e domingo, são meu dois únicos e finais dias em Itacaré. Depois paro para Comandatuba.
Ele não sabia preços horários disponíveis e mais informações! A única coisa que ele me disse foi para procurar Jane na cidade.
Pois bem, segui para a loja que fica na avenida principal, a Pituba, no centro de Itacaré, encontrei Jane e para minha tristeza não havia mais horário para fazer a aula.
As turmas estavam completas e além disso, seriam necessários três dias para o processo de introdução ao surf.
De acordo com a Jane, há uma explicação na areia de como proceder para iniciar o surf, técnicas de remadas, profundidade específica do mar e alguns detalhes como o tipo da onda, ventos e outros.
Mas isso seria mais pra frente na minha visão. Neste momento, só quero ficar de pé numa prancha.
Depois de receber a declinada dela, perguntei se podia consumir as horas do Cação no dia seguinte e no domingo, pós horário de almoço!
Ela concordou!
O preço dela é de 600,00 para três dias de aulas (2h por dia) na Surf School. Eu consegui a 150,00 a aula com Cação. Excelente!
Bom agora tenho um instrutor, um preço melhor e uma vontade e vou, até que enfim, ter essa experiência!
E não é que consegui ficar de pé sob uma prancha de 9 pés.
Depois de uma explicação de mais ou menos quarenta minutos, me mostrando como se posicionar na prancha, fazer a remada, informar cada parte da prancha com nomes e explicar como me levanto e me posiciono de pé, peguei ontem minha primeira onda surfando!
Lógico que não precisei remar, estava sendo orientação e ajudado pelo professor, mas consegui, mesmo com estes incentivos, ficar de pé.
No fim do dia de ontem ainda fui ao mirante de Itacaré para ver o pôr-do-sol. Confesso que algumas nuvens no horizonte tiraram um pouco do espetáculo mas valeu à pena de qualquer forma! A vista do mar daquele lugar é lindo.
Dia 21
Hoje a aula continua e acredito que irei avançar um pouco mais. Creio também que tentarei pegar sozinho a onda com remadas próprias.
Vamos para o desafio!
Como havia pensado, era dia de pegar onda sozinho, usando as remadas que aprendi ontem. Não é nada fácil entrar numa onda em formação, mesmo que seja pequena, e depois de entar usar a técnica para levantar, se equilibrar, entrar na posição, fixar a base e olhar pra frente além de pequenas correções no pé da frente para dar mais ou menos velocidade a prancha.
Mas consegui fazer uma onda e foi muito legal.
Depois era hora de comemorar, aproveitar aquela nova experiência conquistada.
No fim do dia fui a praia Tiririca. Aqui é onde acontece o circuito mundial de surf. Uma praia bem estruturada e muito bem cuidada.
Com pista de skate e bike, estrutura para palco de premiação, uma visão privilegiada dos juízes, algumas pousadas e nas extremidades pedras que proporcionam uma visão sensacional do mar, das ondas e da praia.
Finalizo aqui minha visita à Itacaré. Uma cidade sensacional, com muito sol, lindas praias e surf na veia.
Dia 22.02
Sigo para a cidade de Una, muito conhecida pelo hotel Comandatuba. São 165 km de Itacaré até lá. Em frente…
Ao chegar em Comandatuba fui bem recebido por uma equipe que me levaria até o hotel que fica em uma ilha, porém, descobri que não aceitam pets na hospedaria. Sem problemas, sem remorso e sem pensar duas vezes, cancelei minha hospedagem ali. Se não cabe dogs num local não me cabe também. Refiz as malas no carro e parti sentido Santa Cruz Cabralia/BA.
Segui por uma rodovia secundária, BA-270. Sentido Santa Luzia. Vários trechos de chão entre faixas de asfalto. Eu não.imaginava que algo iria piorar. Seguindo viagem cheguei a uma outra rodovia que começava dentro de um bairro, pensei que aquilo não seria possível mas sim, é!!!
Parei o carro num posto de combustível, a noite já tinha caído, abasteci e perguntei ao frentista se estava no caminho correto! O GPS já não funcionava mais, sem sinal de celular. A única coisa que continuava eram os buracos e a falta de estrutura.
Ao abastecer o carro, fui abordado por um fazendeiro que me disse ser o melhor caminho até Cabrália, porém, se eu visse alguma moto me acompanhando na estrada, disse pra acelerar sem dó e ir embora. Beleza, boa informação mas junto com ela veio a tensão.
Enfim, segui viagem até chegar a um novo vilarejo chamado Barrolândia. Nome apropriado para tal lugar.
Cheguei a Cabrália passava das 20h. Mas estava bem e seguro. Bela aventura na Bahia.
Dia 23.02
Agora estava muito bem hospedado em Cabrália, um Eco resort muito confortável a beira mar.
Um dia de praia tranquilo, uma cerveja pra relaxar e amanhã vou encontrar uma amiga na cidade para conhecer a fábrica de pranchas dela.
Quem sabe um bom negócio com tintas ecologicamente corretor fecho amanhã?
Dia 24.02
Acordei as 4:55 da manhã na companhia de um barulho no quarto da pousada. Uma vizinha inusitada com seus filhotes faziam barulho no teto. Creio ser um gamba (conhecido como Guaambá nessa região – Nome científico: Didelphis aurita).
Aqui há muitos deles! Inclusive só ouvi os barulhos não os vi, porém, na noite passada vi a mamãe gamba passeando próximo ao meu quarto. Então liguei uma coisa a outra. Deixemos ela em paz!
Malas prontas! Vou visitar a loja de pranchas de surf e sigo para a casa.
Foi uma experiência e tanto na terra do sol brasileira. A Bahia tem sim seus encantos como sempre. Aqui encontrei muitas praias, passeios de barcos, ilhas, comidas, sol, chuva, aventura e um momento maravilhoso em pleno fevereiro!
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